Cotovia-arbórea
Cotovia-arbórea
Lullula arbórea
.
COTOVIA
.
— Alá, cotovia!
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que saudades me deixaste?
.
— Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe . . .
Voltei, te trouxe a alegria.
.
— Muito contas, cotovia!
E que outras terras distantes
Visitaste? Dize ao triste.
.
— Alentejo ardente, Bragança e Miranda frias,
Mirandela, Chaves e Águas Frias . . .
.
— E esqueceste de Monforte,
Distraída?
.
— Voei à Sobreira, Assureiras
Pousei em Casas e Avelelas.
.
— Aurora da minha vida
Que os anos não trazem mais!
.
— Os anos não, nem os dias,
Que isso cabe às cotovias.
Meu bico é bem pequenino
Para o bem que é deste mundo:
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife, e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
— Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança,
Trouxe a perdida alegria.
.
(adaptado por Mário Silva)
.
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho
.
.
🐤
.
Ver também:
https://www.facebook.com/mario.silva.3363
https://mariosilva2020.blogs.sapo.pt/
http://aguasfrias.blogs.sapo.pt
https://aguasfriaschaves.blogs.sapo.pt/
www.flickr.com/photos/7791788@N04
https://www.youtube.com/channel/UCH8jIgb8fOf9NRcqsTc3sBA?view_as=subscriber
.
🐤 🐤 🐤
.
.
.