A ÁRVORE SECA
A ÁRVORE SECA
Em torno da árvore seca
Satisfeitos nos sentamos.
O sol, que cega e resseca
Varava os seus secos ramos.
Estendemos nossas mãos
Para alcançar-lhe algum fruto,
Mas rindo, entre os seus desvãos,
Só achamos galhos em luto.
Cantamos à sua volta
E ave alguma respondia
À nossa canção revolta,
À nossa poenta alegria.
De noite, sob os seus galhos,
Dormimos, mas folha alguma
Nos protegeu dos orvalhos
Que a frígida alva ressuma.
E assim, crestados, famintos,
Húmidos, sós, aqui estamos
Entre os seus braços extintos
E as leves viúvas dos ramos.
Em torno da árvore seca,
Com as folhas pardas vestidos,
Onde a coruja defeca,
Dançamos, plenos, cumpridos.
Alexei Bueno